Três anos da Agenda 2030 de Piracicaba: é preciso foco nas fragilidades do município

A Oscip Pira 21 – Piracicaba Realizando o Futuro acaba de editar o balanço das ações positivas e fragilidades relativas aos três anos da implantação da Agenda 2030 em Piracicaba. Foram identificadas 167 ações no período entre março de 2022 e maio de 2025, sendo apuradas 126 positivas (75%) em relação ao cumprimento dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS. O levantamento apontou 41 fragilidades, sendo 16 (10%) que necessitam de atenção e 25 (15%) que requerem a priorização do poder público.

O balanço apresentado incluiu os resultados do ranking nacional de desenvolvimento sustentável entre 5570 municípios de 2024, no qual Piracicaba saiu da 31ª posição, com nível de desenvolvimento considerado alto em 2022, para a 209ª posição, sendo classificada como índice de desenvolvimento médio.

Apesar dos avanços positivos nesses três anos de monitoramento dos ODS da Agenda 2030, especialmente em relação aos investimentos em educação, saúde, industrial, parcerias, estímulo ao emprego e a inclusão de pessoas com deficiência, o relatório sinaliza a necessidade de um olhar estratégico para os principais pontos frágeis que impedem o desenvolvimento inclusivo e sustentável da cidade.

Na área social, a população em situação de extrema pobreza, apesar de estar abaixo da média nacional, de 10,56%, representa 7,83% do total do município, refletindo no aumento de moradores de rua, no trabalho informal e infantil, na vulnerabilidade de crianças e jovens, temas considerados de extrema relevância para atingir o equilíbrio social. Na saúde, a despeito de ter um crescimento alarmante em 2024 e o número de casos sendo considerado alto, com aumento de 1.139% em comparação a 2023, não há referência sobre a ocorrência de doenças respiratórias no ranking estadual, com 17.353 internações registradas.

Na área ambiental, um dos maiores desafios é o saneamento básico, que mantém níveis elevados de perda de água tratada na distribuição. Apesar da ampliação das estações de tratamento de esgoto e investimentos nos rios Piracicaba e Corumbataí, há ainda fragilidades na gestão dos resíduos e na poluição hídrica, com aumento de microplásticos nos rios e baixa renovação de peixes, o que impacta diretamente na fauna e flora aquática. No item energia, o consumo residencial cresceu mais de 8% entre 2022 e 2024.

O saneamento básico, embora atingido 100% de cobertura, tem mantido um elevado índice de perdas de água, de 53,93% no ano passado, o que torna vulnerável o sistema de abastecimento, uma vez que o ideal deve ser inferior a 20% e está acima da média nacional de 35,4%. O desabastecimento de água ocorrido no final de 2024 representou um grave problema para os moradores e, apesar da normalização, requer investimentos e soluções urgentes.

Na área ambiental, destaca-se ainda a ausência de um sistema integrado de gestão ambiental e o aumento da geração de resíduos no Rio Piracicaba, com consequência a mortandade de peixes e prejuízo direto à biodiversidade aquática, e outro ponto que requer constante vigilância do poder público. Além disso, o município precisa criar e redefinir estratégias para enfrentar as adversidades das mudanças climáticas, com planos e projetos de mitigação e adaptação resilientes e integrados aos sistemas.

A Agenda 2030 de Piracicaba é um poderoso instrumento de planejamento para assegurar a igualdade entre as pessoas, o bem viver, promover a sustentabilidade, preservar o meio ambiente, promover a paz e a justiça e proteger os recursos naturais e o clima para as futuras gerações.

Rafael Aloisi, Secretário Executivo da Oscip Pira 21 – Piracicaba Realizando o Futuro

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